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Especialista afirma que aleitamento materno é seguro durante a pandemia

Entre as vantagens que apresenta o aleitamento materno, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) defende que as substâncias do leite protegem o bebê de muitas doenças e infecções. De fato, inúmeros estudos científicos destacam que os bebês amamentados têm menos probabilidade de ter infecções bacterianas e virais. Nessa linha, a pediatra do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), vinculado à Rede Ebserh, Ana Jovina, afirma que, mantidos os cuidados de higiene, não há razão para suspender a amamentação.

“É preciso lavar as mãos antes de amamentar e não precisa higienizar o peito antes de cada mamada; quanto mais você lava, mais sensível fica a mama”, orienta a pediatra para todas as mães saudáveis, sem suspeita ou confirmação de Covid-19. Se a família estiver cumprindo o isolamento social e ninguém dentro de casa tiver suspeita ou confirmação de Covid-19, Ana Jovina diz que não é necessária a utilização da máscara durante o aleitamento; por outro lado, se alguém da família mantiver rotina de sair de casa, é prudente usar a máscara durante a manipulação da criança. A especialista alerta, ainda, que a criança menor de 2 anos de idade não deve usar máscara devido ao risco de sufocação.

A postura de Ana Jovina encontra guarida nos principais órgãos internacionais e nacionais em matéria sanitária, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla inglesa) e o Ministério da Saúde do Brasil. Mesmo diante da nova pandemia ocasionada pelo novo coronavírus e das numerosas dúvidas geradas entre as mães lactantes, todos esses órgãos coincidem em que o aleitamento materno não deve ser suprimido, mesmo nos casos em que a mãe esteja com Covid-19.


Especialista afirma que aleitamento materno é seguro durante a pandemia
Especialista afirma que aleitamento materno é seguro durante a pandemia

“Até o momento, não existem relatos de transmissão vertical. A Covid-19 é uma doença nova; então, a cada dia se aprende mais. O conhecimento está sendo produzido muito rapidamente, mas por meio de análises de séries de casos. A melhor evidência científica não vem desses estudos”, explica a pediatra, quem reforça a necessidade de se esperar por mais revisões sistemáticas e ensaios clínicos.

Ana Jovina assegura que não se transmite o vírus através do leite materno. Assim, defende que a amamentação continue normalmente. “Existe um estudo chinês não recomendando o aleitamento materno para as mães com suspeita de Covid-19. Porém, os CDCs [centros de prevenção e controle de doenças do Estados Unidos da América], o [The] Royal College [of Paediatrics and Child Health] de Londres e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam [a continuidade do aleitamento], caso a mãe queira manter, em função da sua importância”, garante a pediatra. Nesse caso, a mãe com suspeita ou confirmação de Covid-19 deve usar máscara durante toda a amamentação, além de lavar sempre as mãos, e não pode dormir ao lado da criança com uma distância inferior a um metro. Outra opção para as mães com suspeita ou confirmação de Covid-19 é a ordenha do leite, a fim de que uma pessoa não doente possa alimentar o bebê, com o mesmo cuidado da lavagem das mãos e utilização de máscara.

Como destaca a especialista, “as mães infectadas estão produzindo anticorpos, que podem passar para o bebê através do leite materno. A amamentação praticada de forma cuidadosa vai oferecer uma proteção maior à criança”. Nessa situação, o bebê recebe defesas para combater o vírus caso seja infectado. Ana Jovina lembra as situações em que as mães param de amamentar e continuam próximas da criança, o que representa o mesmo risco de contaminação. “Então, é mais prudente que se mantenha o aleitamento. A possibilidade de a criança desenvolver formas graves da Covid-19 é mais remota do que no adulto. Os benefícios superam os riscos da transmissão de qualquer vírus”, ressalta.

Cuidados com vitaminas

Ana Jovina relata que muitas mães têm dúvidas sobre a complementação da nutrição do bebê, além do leite materno, com vitaminas C e D, por exemplo. “Elas perguntam se as vitaminas oferecem maior proteção, se melhoram a imunidade. O bebê só deve receber vitamina D se houver indicação, e não com a finalidade de modular sistema imunológico ou proteção contra a Covid-19”, alerta. No caso da vitamina C, a pediatra explica que ela só é recomendada à criança se houver deficiência no organismo ou uma exposição a determinada situação que aumente o risco de deficiência. De qualquer forma, a especialista defende que a mera ingestão dessas vitaminas não melhora o sistema imunológico.

“A gente sabe que a vitamina D é um imunomodulador, que ela é necessária ao organismo humano. Precisamos nos expor ao sol para que exista a conversão dela na pele. Para crianças e adultos que não fazem parte de grupo de risco e têm dosagem normal de vitamina D não há indicação [de suplementação]. Não é que os médicos sejam ‘vitaminofóbicos’; quando tem indicação, prescrevemos. São aquelas situações de risco de queda da vitamina D. Os nossos meninos do ambulatório de microcefalia [do HU-UFS] recebem reposição de vitamina D, porque eles tomam corticoide. O que queremos que fique claro é que quem não tem hipovitaminose, queda da vitamina, não precisa tomar, porque não vai melhorar a imunidade; ao contrário, podemos ter riscos com excesso de vitamina D”, acrescenta.

A pediatra recomenda a leitura de um documento científico da SBP que detalha a inexistência de relação de prevenção ou cura entre a vitamina D e a Covid-19.

O que diz o Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde, na sua Nota Técnica Nº 7/2020-DAPES/SAPS/MS, estabelece que, embora não existam dados científicos suficientes para fazer uma recomendação definitiva sobre o aleitamento no caso de mulheres infectadas pelo novo coronavírus, é importante insistir em que a amamentação materna outorga muitos benefícios para o bebê. Por isso, reitera-se a recomendação de manter o aleitamento desde o primeiro dia do nascimento, sempre que as condições clínicas do recém-nascido e da sua mãe assim o permitam.

O que diz a OMS

A OMS defende manter o aleitamento, tanto para casos de mães confirmadas como para as suspeitas, sempre e quando se mantenham medidas para a prevenção da infecção. Em casos de mães em estado grave por Covid-19, recomenda-se recorrer à extração do leite com a utilização de bombas de sucção.

Em consonância com diversas associações de pediatria ao redor do mundo, a OMS ressalta que nenhum estudo científico detectou o novo coronavírus no leite materno. A SBP, inclusive, com base em estudos defendidos pela OMS, apoia o aleitamento em livre demanda, que é aquele em que a mãe amamenta a criança de acordo com as necessidades biológicas, psicológicas, afetivas e emocionais do bebê, desobrigada de horários pré-determinados para as mamadas.

Atuação da Rede Ebserh

Desde os primeiros anúncios sobre o Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhando em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, com participação nos COEs desses órgãos, e tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares.

Tem atuado na realização de treinamento de funcionários da Rede, promoção de webaulas, definição de fluxos e instituição de câmaras técnicas de discussões com especialistas. Promoveu processo seletivo emergencial com a possibilidade de contratação de aproximadamente 6 mil profissionais temporários para o enfrentamento da pandemia

Também disponibilizou R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus, recursos do Ministério da Educação (MEC) liberados pela Ebserh de acordo com a necessidade e urgência de cada unidade hospitalar. A verba está sendo utilizada em adequação da infraestrutura, aquisição e manutenção de equipamentos, compra de medicamentos e outros insumos, além de equipamentos de proteção individual.

Em algumas regiões, as unidades da Rede Ebserh têm atuado como hospitais de referência ao enfrentamento do Covid-19, enquanto que em outras, atuam como retaguarda em atendimentos assistenciais para a população, por meio do Sistema Único de Saúde.

Por Luís Fernando Lourenço

Unidade de Comunicação do HU-UFS

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