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Força-tarefa da UFS chega a cem mil testagens de covid-19 em Sergipe

Há pouco mais de um ano, em abril de 2020, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) firmou um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT-SE), Ministério Público Federal (MPF-SE) e Ministério Público do Estado de Sergipe (MP-SE) para a realização de 7,5 mil testes para o diagnóstico do novo coronavírus no estado. Hoje, em junho de 2021, o número de testes para detecção da covid-19 já chega a 100 mil em Sergipe.

Um dos motivos desse aumento considerável é o empenho da Força-Tarefa Covid-19 da UFS, liderada pelo professor do Departamento de Farmácia Lysandro Borges. “A força tarefa já realizou cem mil testes com profissionais de saúde, segurança pública, comunicação, construção civil, garis, caminhoneiros, sistema prisional, jogadores de futebol, Instituto Médico Legal, UFS, escolas da rede pública e órgãos públicos. Observamos altos níveis de contaminação e baixos níveis de anticorpos de memória, concluindo que a situação continua grave, os anticorpos sozinhos não vão nos proteger e quem pegou, pode se contaminar novamente”, pontua Lysandro.

Além da parte prática das testagens, cujo objetivo é dar subsídios aos gestores públicos para a adoção de políticas públicas de combate à pandemia, a UFS também atua na elaboração de estratégias e metodologia de utilização dos kits de diagnóstico das secretarias de saúde do estado e municípios, na realização de contraprovas e no apoio científico ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). A força-tarefa para a execução do projeto envolve pesquisadores dos departamentos de Farmácia, Educação em Saúde, Medicina e Ciências Atuariais e Estatística.


A força-tarefa trabalha desde o ano passado testando em massa a população sergipana. (fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)
A força-tarefa trabalha desde o ano passado testando em massa a população sergipana. (fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)

Circulação do vírus

Para o professor Lysandro, apesar de o vírus ter sido amplamente divulgado somente após o carnaval de 2020, ele já circulava pelo Brasil antes disso. “Nosso grupo da UFS publicou um estudo pioneiro mostrando que o vírus já circulava em Sergipe um mês antes do carnaval, um evento que foi um grande gatilho da disseminação do vírus nas principais capitais brasileiras. O SARS-CoV-2 sambou e gostou. O carnaval não foi cancelado e notícias como ‘ele não resiste no sol’, ‘lá é assim por causa do frio’ e comentários como ‘só afeta idosos e na Itália tem muitos’ espalhavam-se disseminando outro vírus, o das fake news”, comenta.

“Em Sergipe, desde a primeira publicação em maio de 2020 do nosso grupo no Jornal Panamericano de Saúde Pública, vinculado à OMS, no qual mostrávamos a circulação intensa do vírus, muitas testagens se passaram e o vírus se adaptou e mutou, adorando conviver em um país onde a circulação de pessoas não diminui e onde as aglomerações são constantes, apesar dos casos e mortes”, lamenta Lysando.

De acordo com ele, Sergipe permanece em alta da circulação do vírus e no platô de casos e óbitos. “Isso se deve a quatro fatores: alta taxa de mobilidade, pouco uso da máscara, aglomerações e vacinação escassa. No mundo real sabemos o que funciona: vacinação em massa, máscaras de qualidade (PFF2), álcool em gel e distanciamento social”, reforça o pesquisador.

Vacina


A primeira dose da vacina foi aplicada na equipe em janeiro
A primeira dose da vacina foi aplicada na equipe em janeiro

A esperança está na vacina, que vem sendo aplicada na população no decorrer de 2021. Ainda em janeiro deste ano, profissionais de Hospital Universitário da UFS (HU-UFS) começaram a receber o imunizante. Das doses disponibilizadas naquela época para os profissionais de saúde do HU, 14 foram destinadas especificamente para a equipe da Força-Tarefa Covid-19 da UFS, coordenada pelo professor Lysandro Borges.

O grupo comandado por ele, até então, já havia realizado mais de 25 mil testes para verificação da doença, na rede estadual de ensino, em presídios, comunidades quilombolas, profissionais de saúde e de serviços essenciais, albergues e moradores de rua.

Pesquisa

Além das testagens e pesquisas sobre disseminação do vírus, o professor Lysandro Borges se debruça ainda sobre a análise da eficácia da aplicação de vacinas de marcas diferentes. Em março deste ano, uma paciente de Aracaju recebeu a segunda dose da vacina contra a covid-19, mas o imunizante utilizado foi de uma marca diferente em relação à primeira aplicação. O uso da vacina AstraZeneca, após a primeira dose da CoronaVac, se repetiu também em um caso na cidade de Aquidabã, também em Sergipe.

Esses não foram os primeiros relatos no país, mas ainda não há resultados científicos definitivos a respeito do impacto do ‘erro’ sobre a eficácia do imunizante. Logo após a divulgação dos casos do estado, pesquisadores da UFS iniciaram o acompanhamento das pacientes, em um estudo que tem parceria com o Instituto Adolfo Lutz, a Universidade de São Paulo (USP), as prefeituras de Aracaju e Aquidabã, a Secretaria de Saúde de Sergipe e o laboratório privado Solim.

“Os resultados preliminares que nós demonstramos é que essas pacientes já estão formando os anticorpos neutralizantes e não tiveram efeitos colaterais importantes. Então isso é promissor porque mostra que os dois pacientes reagiram bem à segunda dose de outra marca e estão formando anticorpos neutralizantes”, relata Lysandro.


Lysandro Borges é professor do Departamento de Farmácia e coordenador da Força-Tarefa Covid-19 da UFS
Lysandro Borges é professor do Departamento de Farmácia e coordenador da Força-Tarefa Covid-19 da UFS

“É uma pesquisa fundamental, pois vai abrir leques para [que] talvez, no futuro, seja feito esse ‘mix’ de vacinas, essa mistura da primeira dose de uma e da segunda dose de outra”, projeta.

De acordo com ele, apesar de indicar perspectivas positivas quanto à combinação das marcas, e ainda que os resultados finais venham a confirmar sua eficácia, a pesquisa lida com uma amostra pequena. No entanto, o trabalho será relevante para que seus dados estimulem e deem subsídios para estudos mais aprofundados em termos de amostra.

Novas cepas

O professor chama a atenção também para o fato de que, no mundo paralelo, a pandemia parece ter acabado. “Está valendo máscara no queixo ou com nariz de fora ou, até mesmo, não usar. Está valendo a lei da sobrevivência e a cada morte a sensação de que não foi comigo, tudo bem, sigo a vida. No mundo real, quem trabalha nos hospitais, clínicas e ambulatórios observa diariamente o desespero da falta de ar e o agravamento rápido. Agora a cepa indiana causa alerta em todo o mundo e entra na lista das variantes de preocupação, alem da P1, que já predomina no Brasil, da Britânica e da África do Sul”, destaca.

“A notícia boa é que as vacinas conseguem ser eficazes mesmo na cepa indiana e as máscaras protegem de todas as cepas”, conclui Lysandro Borges.

Andreza Azevedo

comunica@academico.ufs.br


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